É claro que não sou uma fotógrafa, se é que ser fotógrafo é ter curso técnico e superior. Ou trabalhar com isso. Ou qualquer outro estereótipo. Admiro enormemente quem o faz por prazer e por dinheiro, simultaneamente, já que estamos em um mundo predominantemente capitalista e, se não tem grana, como viveremos, meu amor? Admiro também quem estuda, mesmo que por hobbie, essa arte.
Só sei que gosto de fotografia e até que eu mesma mude de opinião, vou continuar inclinada para esse ramo - mesmo que ninguém aprove, ou que ninguém aprecie minhas fotos amadoras.
Com apenas dezesseis fotografias registradas no projeto anual, refleti sobre meus ângulos, minhas composições, minhas distâncias focais e meus ISO. Também relembrei qual a velocidade usada, além da escolha das fotos, das edições, das situações, dos pedidos: "Posso postar aquela sua foto em meu projeto? Por favor? (Duas musas foram Anny e Inercya - elas também escrevem com a alma)".
Comecei a entrar em pânico. A duvidar das minhas criações. Eu já estava com aquele pensamento: vou desistir, afinal, a quem estou enganando? Iniciei o processo de enumeração de pessoas que achavam apenas a palavra ridículo ecoando pelas minhas imagens, apesar de que, outrora, escrevi, na carta de um conto: Que tipo de pessoa afasta a felicidade?. Humanos são contradições ambulantes.
Fiquei imersa em pessimismo por algumas horas, até chegar na seguinte ideia de João Bittar (faleceu aos 60 anos em 2011), fotógrafo brasileiro que trabalhou nos principais veículos de informação do país: “Você fotografa o que você é. Então se você é uma pessoa vazia, sem opinião e sem cultura… você vai fotografar isso.”
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Para retratar o fotojornalismo de Bittar. |
Fiquei tão animada com o que ele escreveu. Eu sei que não sou uma pessoa ruim. Também sei que sou aquele tipinho que carrega a utopia de mudar o mundo, mesmo que ao redor, aos poucos, devagarinho.
Ora, a minha arte, que seja pseudo pra outrem, me faz feliz. Tenho que acreditar nisso. É claro que sempre quero mais, como tudo em minha vida: aprender mais, quero novos cenários, novas técnicas, ou simplesmente eternizar momentos infinitamente jocosos - não quero esquecer de nada, quero ousar em tê-los para sempre, mesmo que só para mim.
Também pode parecer besteira, como a maioria das paixões. E sim, por um lado é.