segunda-feira, 8 de julho de 2013

{resenha} Deixe a luz acesa

Vim contar minha história de sexta-feira (05/07). Estava de noite e eu fui fazer minha derradeira prova de Economia Brasileira, às 19h. Cheguei lá suando e morrendo de dor de cabeça, pois essa matéria me deixa muito nervosa. A prova acabou sendo em grupo de quatro pessoas com direito à consulta. Ou seja, no final das contas foi mamão com açúcar. De modo que quando saímos da prova (eu e outra amiga), pensamos em começar as férias com o pé direito, indo ao cinema que é bem perto da faculdade (isso sim é sorte!). Para isso, tentamos olhar no meu smartphone qual horário e sessão teria, porém o site cola uma imagem da programação, e não tem aplicativos para celular, então dificultou bastante identificarmos o nome do filme. Só deu para discernir que às 21h haveria a última película do dia. Fomos então ao Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, único serviço público com um bom custo/benefício de Recife. Ao longo do caminho, conversamos sobre como é interessante e surpreendente fazer coisas sem tanto planejamento, como ir ao cinema e ver um filme sem nem ao menos saber seu título. É claro que estávamos acreditando em Kléber Mendonça e todos os outros que fazem parte das seleções que passam lá nesse cinema. Praticamente todos não são de bilheteria, portanto você vai lá para ver algo que os grandes cinemas ignoram. Só assim você acha raridades visuais.

Chegamos bem antes da sessão, compramos nossos ingressos e perguntamos finalmente o título. O filme se chamava "Deixe a luz acesa", o que novamente nos deixava na escuridão sobre o conteúdo. O vendedor nos alertou sobre um atraso de 20 minutos que ocorreria. Decidimos então comer alguma coisa no Castigliani Café, local bem aconchegante de lá do cinema que mostra todas as pessoas alternativas que você não vê no dia a dia em Recife. Sempre acho que esse povo está preso em algum lugar, ou são ricos demais para trabalhar e andar de ônibus. Não sei, ao certo. Enfim, dividimos um misto quente (uma das variedades mais baratas do cardápio) e um refrigerante, pois não tinha suco de laranja.


Percebemos que às 21h as mesas começaram a esvaziar. E a portinha do cinema já estava empoleirada de gente querendo sentar e ver o filme. Esperamos 10 minutos pela conta e só depois conseguimos entrar na sala. Estávamos tranquilas pois o atendente tinha dito que o filme atrasaria uns minutos, porém ele deu a informação errada. Então corremos para a entrada. A arquitetura do cinema impede que pessoas de fora vejam o telão, então você primeiro sobe escadas para depois descer outras escadas e encontrar cadeiras acolchoadas e a tela gigante na sua frente. Assim, eu e minha amiga, ao subir os primeiros degraus, percebemos que o filme já tinha começado, pois estávamos escutando respirações ofegantes e gemidos das caixas acústicas. Ao descermos as escadas, avistamos na tela dois homens nus em completo êxtase, se beijando e se tocando. Deu para entender claramente também as investidas do personagem que estava por cima, ao penetrar o personagem de baixo, que gemia. Olhei para minha amiga e levantei as sobrancelhas, depois de uns risinhos nervosos. Trocamos olhares sobre qual seria a melhor poltrona e sentamos, um pouco constrangidas e muito impressionadas com as cenas de sexo.

Estávamos assistindo ao filme "Deixe a luz acesa", que conta a história de Erik Rothman (Thure Lindhardt), um documentarista em Nova York, em 1997, e Paul Lucy (Zachary Booth), um advogado. Sinopse do Filmow: "O que começa como um encontro logo se torna algo muito maior, e um relacionamento se desenvolve rapidamente. Enquanto os dois homens começam a construir uma casa e vida juntos, cada um continua a lutar em particular suas compulsões e vícios próprios. Um filme sobre sexo, amizade, intimidade e, acima de tudo, amor. Um olhar honesto sobre a natureza das relações em nossos tempos."


Foram 101 minutos vislumbrando um casal cheio de defeitos e qualidades, passando por situações cômicas, familiares, de superação, e também por perrengues raivosos com drogas, traição e vícios. Eu ousaria chamar o filme totalmente de comum (não que isso seja algo ruim, apenas corriqueiro, normal), se não fosse o fato de a trama se desenrolar entre dois homens. Foi incrível me deparar com um filme desse tipo, pois ele me ajudou a enxergar o convívio de um casal gay, algo que eu nunca experimentei nem vivenciei. É muito diferente ter amigos gays e ter contato com o dia a dia do casal gay. Até pelo motivo de que geralmente ninguém conhece o convívio dos casais. Foi lindo atestar a ridícula normalidade dos personagens, já que a história é totalmente realista.  


Portanto, indico o filme aos preconceituosos de plantão e também às pessoas que se consideram sem preconceito. Provavelmente o primeiro grupo poderá refletir mais sobre a normalidade de pessoas que se relacionam com outras de mesmo sexo, e talvez haja a constatação de que isso NÃO É PROBLEMA DE NINGUÉM, e por isso você devia parar de falar mal da relação que VOCÊ considera errada de "homem com homem" ou "mulher com mulher". O segundo grupo, supostamente mais esclarecido, poderia ver o filme se quisesse apreciar uma história de amor entre dois caras peculiares, e poderia talvez ter o mesmo insight que eu tive. Gente, sei que o assunto é polêmico, mas sinceramente, só peço que vocês saibam de uma coisa: tolerância e educação são a chave para um mundo melhor.

Bom, é isso. Demorei a postar, mas trouxe uma breve resenha de um filme não tão famoso. Espero que gostem e que me sigam no Filmow, se também forem cinéfilos. Podemos trocar umas ideias por lá!

Imagens retiradas da fanpage do Castigliani Café, do Google e do IMDB, respectivamente.
 

6 comentários

  1. Ai que loucura esse filme, nunca ouvi falar! Haha adorei tua narração do dia, e esse lugar que vocês foram parece ser tão aconchegante, como vocês mesma disse haha.
    Eu também estou de féeerias, uhul dá até pra eu assistir esse filme também huahua

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  2. O preconceito sempre está nos olhos de quem vê, o que é uma pena. Jamais que um filme com essa temática seria exibido em grande escala. E eu gosto de filmes assim, que se parecem com a vida de qualquer um. Acho que por ser curiosa mesmo, haha. Vou procurar esse! (:

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  3. Espontaneidade: adoro! Nem lembro a última vez que fiz isso no cinema...
    Bom, eu NUNCA tinha ouvido falar desse filme, e comecei a rir imaginando sua cara quando entrou no cinema e deu de cara com a cena de sexo hahaha Vou procurar para baixar e dps te digo o que achei!
    Bjs

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  4. Gostei da sua descrição sobre a noite de vocês, fiquei com vontade de ir no cinema ver um filme desconhecido também, rs.
    O filme parece ser interessante, vou lá colocar "Quero ver" no Filmow, ah, e te segui por lá.
    Beijo.

    Detalhes em Preto e Branco

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  5. Eu meio que me imaginei como você e sua amiga, os risinhos nervosos, a supresa e tudo mais. Gostei muito da sua descrição, de como as pessoas devem realmente parar de achar que casais homossexuais são diferentes, de outro mundo. No fundo, heteros e homos são quase que idênticos.
    Por fim, conheci seu blog agora e me apaixonei. Com certeza, estou a seguir-te.

    Amulherqueeugostariadeser.blogspot.com.br

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  6. Gostei da dica do filme, parece ser bem romântico... Geralmente os casais com relação homo não são bem focados nos filmes e, quando acontece, acredito que a maioria dos filmes mostre relacionamento feminino. Bjs! ;)

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