Eu achava que não conseguiria encontrar Paul McCartney nessa vida, pois sou pessimista o bastante. Apesar de ter sido a vários metros de distância, aconteceu!
Começou assim: Recife milagrosamente teve a oportunidade de trazer, ao mesmo tempo, um cantor, compositor, baixista, guitarrista, pianista, multi-instrumentista, empresário, produtor musical, cinematográfico, ativista dos direitos dos animais, e integrante dos Beatles, chamado Sir James Paul McCartney. Eu não titubeei e comprei o ingresso, em algumas parcelas. E no dia deixei o carro na casa do namorado e de lá pegamos um táxi, para evitar problemas com estacionamento. Em um instante totalmente randômico de nossas vidas, o trânsito ficou paralisado decorrente de algo totalmente incomum, em cerca de dez minutos, dilacerando nossos corações a cada segundo: devotos de São Jorge montados à cavalo com bebidas em punho comemoravam o santo. Great. Mas, é claro que isso não impediu nossa jornada.
Cheguei com três horas de antecedência e não me importei em esperá-lo por três motivos:
- Quando sei que alguém querido vai chegar na hora marcada, não me preocupo nem me agonio, e fico feliz desde já;
- Esperei uma vida para escutá-lo em carne e osso, logo, esperar três horas é menos que nada;
- For God's sake, he's a Beatle!
Então, às 21:30, conforme nosso combinado, McCartney irrompeu no palco, cantando Hello, Goodbye. Alguém me segura!
Parada dramática e necessária: A despeito da distância em que eu e Paul estávamos, a emoção ao vê-lo se espalhou em meu corpo numa velocidade vertiginosa. O beatle apareceu majestosamente no palco e eu maravilhosamente irrompi em lágrimas (ok, nada maravilhosa: minha maquiagem ficou toda borrada). Meu namorado me levantou de forma descuidada para eu enxergar melhor e eu chorei sem parar nas primeiras três músicas. Sério, foi algo inexplicável, sobretudo pelo motivo de eu pagar de durona e odiar chorar. Mas de felicidade a gente perdoa, não é?
A simpatia dele foi contagiante: soube agradar as 35 mil pessoas do estádio, e levou o "povo arretado" pernambucano ao delírio em faixas mais conhecidas como Let It Be, Hey Jude e Yesterday. A música My Valentine, dedicada à esposa atual, foi recebida com muitos aplausos, e o telão exibia os lindos Johnny e Natalie naquele clipe muitíssimo visto nas últimas semanas.
Ele é simplesmente encantador. Falou português quando sabia e quando filava. As expressões nordestinas (por exemplo "oxente", "pronto" e "cabras da peste" ) que usou foram incentivos para a plateia adorar mais ainda o astro que fez parte do grupo musical mais aclamado da história! Houve, ainda, uma homenagem ao Rei do Baião, quando ele bradou, depois de ter cantado Drive my car: "Salve a terra de Luiz Gonzaga". A declaração saiu em um sotaque engraçado e o povo mais uma vez se encheu de felicidade. Achei inteligentíssimo da parte de quem teve a ideia (simples) de mexer com esses elementos do estado. Pernambucanos adoram isso.
Ver Paul cantando tantas músicas dos Beatles me fez uma pessoa mais feliz e realizada, pois parte de um sonho virou realidade. Mas queria mesmo era ter vivido na década de 60. Alguém tem uma máquina do tempo de bobeira por aí?
Nos momentos mais calmos, conseguimos (o namorado alienígena também fotografou) tirar algumas fotos que vão ficar para a história da minha vida:
Update: O #365Project ganhou uma foto memorável!
Update: O #365Project ganhou uma foto memorável!
O ápice do show para muita gente foi no momento da foto acima (não é arte minha. Foi o namorado que estava com a câmera em punho na hora. Eu estava me descabelando ao lado): logo após uma série incrível de cinco músicas dos Beatles (Ob-La-Di, Ob-La-Da, Back in the U.S.S.R., I've Got a Feeling, A Day in the Life e Let It Be), o público enlouqueceu com o espetáculo de fogos de artifício ao som arrebatador de Live and let die, música bem famosa que inclusive fez parte do filme de mesmo nome, com o conhecido agente 007!
Paul brincou comigo, e com mais de trinta e cinco mil sonhadores, ao sair duas vezes do palco fingindo que o show tinha acabado. Mas quando realmente tava quase finalizando, ele disse para mim: "até a próxima"! E mais uma vez o palco ficou lindo, desta vez com milhares de papéis picotados invadindo o céu de Recife.
Pode marcar a data, Sir Paul. Nem serei pontual como os ingleses: vou me antecipar em algumas horas para novamente sentir instantes maravilhosos com a sua presença indescritível.