sábado, 20 de julho de 2013

{resenha} Underground Sports Bar

Eu tenho uma imensa frustração por nunca ter feito intercâmbio. Um mix de responsabilidades que tenho aqui no Brasil, com medo de perder o que construí até agora, com falta de dinheiro e de oportunidades me deixam presa em Recife (PE). Pensando nisso, tentei olhar de forma positiva o que ainda tenho para conhecer nessa cidade multicultural (enquanto crio um plano mirabolante para vazar de uma hora para outra). E aí me coloquei no lugar de turista da minha própria cidade e decidi encontrar tudo o que Recife esconde de mim, no dia a dia corrido de trabalho e estudos.

O projeto "turista da minha própria cidade" ainda está apenas na minha mente, haha, mas já achei legal trocar essa ideia com vocês. Seria fantástico descobrirmos lugares das cidades de outros blogueiros, não é? Então sintam-se à vontade para explorar locais que estão bem debaixo dos seus narizes! E não esqueçam de me convidar!

Foi com esse sentimento que fui ao pub Underground Sports Bar. Ele fica na avenida Boa Viagem, de frente para o mar. Entrar ali foi diferente, pois só frequento bares bem mais humildes. Em todo canto havia detalhes, e o dono obviamente queria trazer elementos londrinos para criar um ambiente bem estrangeiro. Primeiro que o significado de underground foi arquitetado mesmo: o bar tem umas escadas para baixo, pra tornar o negócio subterrâneo. Lá dentro é bem aconchegante e a iluminação é fraquinha, traz um mistério em cada mesa empoleira da gente toda arrumada. Acho que encontrei algumas pessoas alternativas de Recife que também devem frequentar o Castigliani Café, que falei no último post. Peguei da fanpage deles (não gostei muito dessa foto, mas é necessária para mostrar como é o bar): 


Fui com uns amores da minha vida e lemos o cardápio. Os preços estavam no nível do bar. Não tinha espetinho de gato por R$ 2 reais, mas tinham pratos que pareciam deliciosos! Não é um lugar perfeito para jantar, pois você vai gastar uma dinheirama com isso, mas é ideal para petiscar, enquanto toma uns chopps E/OU uns drinks bem elaborados. O atendimento também é legal, apesar de a gente ter implorado por um chopp umas 5x já no final da noite. Indico para quem mora aqui e nunca foi. Fazer aniversários lá também é uma ótima ideia! As fotos sairão com fundos incríveis e terão joguinhos divertidos para brincar com os amigos (sinuca e dardos) e ainda tem jukebox para uma seleção de músicas do seu gosto! Além disso, tem mais de vinte TV's espalhadas pelo pub, para quem curte lutas e jogos de futebol. Agora vá com a carteira cheia. Quem é de fora e quer entrar em um Recife britânico, pode correr pra lá também. O endereço também é vantajoso para quem quiser aproveitar depois para andar no calçadão de Boa Viagem, e vislumbrar a escuridão do mar. Entendam do que estou falando (imagens da fanpage): 


Como fomos de carro, pude levar minha câmera, vide mural, haha. Selecionei algumas para ilustrar a noite. Muito bom voltar a manusear um dos objetos que mais amo na vida, deu um pingo de esperança, sabe?


Em relação ao bar, só posso escrever sobre o que provei. E lá tem uma batata que foi para o top cinco dos meus pratos prediletos. É uma delícia! Também provamos um doce que era suculento aparentemente, mas me desapontou muito. A batata se chamava "rustic potatoes", e, segundo o cardápio, era isso: batatas rústicas fritas cobertas de cheddar, bacon crocante e ranch, sal sulfuroso e cebolinhas. Eu adicionaria "divino" às especificações. O doce se chamava vanilla iced brownie, e eu já havia suspirado muitas vezes em fotos de amigos do instagram. Mas olha, nunca mais eu peço, haha. O detalhe estava descrito assim: brownie gelado de baunilha com frutas vermelhas. Porém quando veio, também tinha nozes na sobremesa. Na minha opinião, foi aí que eles erraram. Tanto em incluir nozes, quanto em não detalhar isso no menu.




  


Deixei mais algumas fotos aqui, no flickr! E vocês, já pensaram em dar uma chance para a sua cidade e descobrir o que tem de novo por aí?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

{resenha} Deixe a luz acesa

Vim contar minha história de sexta-feira (05/07). Estava de noite e eu fui fazer minha derradeira prova de Economia Brasileira, às 19h. Cheguei lá suando e morrendo de dor de cabeça, pois essa matéria me deixa muito nervosa. A prova acabou sendo em grupo de quatro pessoas com direito à consulta. Ou seja, no final das contas foi mamão com açúcar. De modo que quando saímos da prova (eu e outra amiga), pensamos em começar as férias com o pé direito, indo ao cinema que é bem perto da faculdade (isso sim é sorte!). Para isso, tentamos olhar no meu smartphone qual horário e sessão teria, porém o site cola uma imagem da programação, e não tem aplicativos para celular, então dificultou bastante identificarmos o nome do filme. Só deu para discernir que às 21h haveria a última película do dia. Fomos então ao Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, único serviço público com um bom custo/benefício de Recife. Ao longo do caminho, conversamos sobre como é interessante e surpreendente fazer coisas sem tanto planejamento, como ir ao cinema e ver um filme sem nem ao menos saber seu título. É claro que estávamos acreditando em Kléber Mendonça e todos os outros que fazem parte das seleções que passam lá nesse cinema. Praticamente todos não são de bilheteria, portanto você vai lá para ver algo que os grandes cinemas ignoram. Só assim você acha raridades visuais.

Chegamos bem antes da sessão, compramos nossos ingressos e perguntamos finalmente o título. O filme se chamava "Deixe a luz acesa", o que novamente nos deixava na escuridão sobre o conteúdo. O vendedor nos alertou sobre um atraso de 20 minutos que ocorreria. Decidimos então comer alguma coisa no Castigliani Café, local bem aconchegante de lá do cinema que mostra todas as pessoas alternativas que você não vê no dia a dia em Recife. Sempre acho que esse povo está preso em algum lugar, ou são ricos demais para trabalhar e andar de ônibus. Não sei, ao certo. Enfim, dividimos um misto quente (uma das variedades mais baratas do cardápio) e um refrigerante, pois não tinha suco de laranja.


Percebemos que às 21h as mesas começaram a esvaziar. E a portinha do cinema já estava empoleirada de gente querendo sentar e ver o filme. Esperamos 10 minutos pela conta e só depois conseguimos entrar na sala. Estávamos tranquilas pois o atendente tinha dito que o filme atrasaria uns minutos, porém ele deu a informação errada. Então corremos para a entrada. A arquitetura do cinema impede que pessoas de fora vejam o telão, então você primeiro sobe escadas para depois descer outras escadas e encontrar cadeiras acolchoadas e a tela gigante na sua frente. Assim, eu e minha amiga, ao subir os primeiros degraus, percebemos que o filme já tinha começado, pois estávamos escutando respirações ofegantes e gemidos das caixas acústicas. Ao descermos as escadas, avistamos na tela dois homens nus em completo êxtase, se beijando e se tocando. Deu para entender claramente também as investidas do personagem que estava por cima, ao penetrar o personagem de baixo, que gemia. Olhei para minha amiga e levantei as sobrancelhas, depois de uns risinhos nervosos. Trocamos olhares sobre qual seria a melhor poltrona e sentamos, um pouco constrangidas e muito impressionadas com as cenas de sexo.

Estávamos assistindo ao filme "Deixe a luz acesa", que conta a história de Erik Rothman (Thure Lindhardt), um documentarista em Nova York, em 1997, e Paul Lucy (Zachary Booth), um advogado. Sinopse do Filmow: "O que começa como um encontro logo se torna algo muito maior, e um relacionamento se desenvolve rapidamente. Enquanto os dois homens começam a construir uma casa e vida juntos, cada um continua a lutar em particular suas compulsões e vícios próprios. Um filme sobre sexo, amizade, intimidade e, acima de tudo, amor. Um olhar honesto sobre a natureza das relações em nossos tempos."


Foram 101 minutos vislumbrando um casal cheio de defeitos e qualidades, passando por situações cômicas, familiares, de superação, e também por perrengues raivosos com drogas, traição e vícios. Eu ousaria chamar o filme totalmente de comum (não que isso seja algo ruim, apenas corriqueiro, normal), se não fosse o fato de a trama se desenrolar entre dois homens. Foi incrível me deparar com um filme desse tipo, pois ele me ajudou a enxergar o convívio de um casal gay, algo que eu nunca experimentei nem vivenciei. É muito diferente ter amigos gays e ter contato com o dia a dia do casal gay. Até pelo motivo de que geralmente ninguém conhece o convívio dos casais. Foi lindo atestar a ridícula normalidade dos personagens, já que a história é totalmente realista.  


Portanto, indico o filme aos preconceituosos de plantão e também às pessoas que se consideram sem preconceito. Provavelmente o primeiro grupo poderá refletir mais sobre a normalidade de pessoas que se relacionam com outras de mesmo sexo, e talvez haja a constatação de que isso NÃO É PROBLEMA DE NINGUÉM, e por isso você devia parar de falar mal da relação que VOCÊ considera errada de "homem com homem" ou "mulher com mulher". O segundo grupo, supostamente mais esclarecido, poderia ver o filme se quisesse apreciar uma história de amor entre dois caras peculiares, e poderia talvez ter o mesmo insight que eu tive. Gente, sei que o assunto é polêmico, mas sinceramente, só peço que vocês saibam de uma coisa: tolerância e educação são a chave para um mundo melhor.

Bom, é isso. Demorei a postar, mas trouxe uma breve resenha de um filme não tão famoso. Espero que gostem e que me sigam no Filmow, se também forem cinéfilos. Podemos trocar umas ideias por lá!

Imagens retiradas da fanpage do Castigliani Café, do Google e do IMDB, respectivamente.
 
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Maira Gall